Ele tem 81 anos e passou quase 50 no poder. Há dois anos, a imagem que se tem de Fidel, é de um velho, doente, sem sair do hospital. Bem diferente de quando assumiu o poder em Cuba.
A mensagem de Fidel Castro lida na manhã de terça (18/02) na televisão estatal cubana, diz o seguinte: "Não quero e não aceitarei mais o cargo de presidente e de comandante das Forças Armadas. Quis cumprir o meu dever até o último suspiro, mas não tenho condições físicas de continuar com essa responsabilidade”.
Fidel Castro Ruz, deixou Cuba em 1955 depois de uma tentativa de derrubar o ditador Fulgêncio Batista. Mas logo voltou, com o argentino Che Guevara, para retomar a guerrilha. Em 1959, Batista fugiu e Fidel tomou o poder. Era o primeiro governo marxista do ocidente.
Como ditador deixou de cumprir a promessa de eleições livres. Muitos opositores acabaram executados no paredão, outros fugiram em massa para os Estados Unidos. Somente nos três primeiros anos da revolução, 250 mil pessoas deixaram a ilha, que fica a apenas 140 quilômetros do estado americano da Flórida.
O governo revolucionário desapropriou terras para a reforma agrária, nacionalizou empresas. A proximidade do Estado comunista incomodava os Estados Unidos, que logo impuseram embargos econômicos. Foi quando a União Soviética entrou em cena e passou a comprar o principal produto cubano, o açúcar.
Entre 17 e 21 de abril de 1961, mercenários e exilados cubanos tentaram invadir a ilha, na Baía dos Porcos, com apoio americano. No ano seguinte, a União Soviética enviou mísseis nucleares que seriam instalados sob o pretexto de proteger Cuba. A marinha dos Estados Unidos cercou a ilha até a retirada dos mísseis.
Apesar da repressão, o carisma e os avanços na área social tornaram Fidel um governante popular. Erradicou o analfabetismo - que era de 40 % - e o sistema público de saúde virou referência mundial. O índice de mortalidade infantil se tornou o mais baixo entre os países em desenvolvimento.
Com fim da União Soviética em 1991, a economia cubana entrou em crise. A falta da ajuda soviética atingiu a agricultura e a indústria, agravou-se o desabastecimento. Cuba passou a estimular a recepção de turistas e legalizou o dólar.
Fidel Castro deixa de liderar 11 milhões de cubanos, mas para muitos não se afasta do poder. Neste domingo (24/02), a Assembléia Nacional em Havana deverá nomear Raúl Castro, irmão mais novo de Fidel, como o novo presidente.Raúl tem 76 anos e comanda o país interinamente desde 2006. Segue as ordens de Fidel desde que ambos eram revolucionários nas montanhas de Cuba. Fidel continua sendo parlamentar. Provavelmente, será eleito hoje como integrante do Conselho de Estado, sem abrir mão do poderoso cargo de secretário do Partido Comunista. Sendo assim, ele pode até sair de do poder, mas não deixará de influenciar no governo do país. Como ele próprio disse em seu artigo, publicado no dia 22/02, “os cubanos jamais retornarão ao passado”, em referência ao período anterior à Revolução Cubana de 1959.
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008
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